Na nossa rubrica semanal - Impactos do Serviço de Assistência Pessoal partilhamos convosco o testemunho do Carlos, assistente pessoal do CAVI Horizontes. O Carlos é de Sever do Vouga e concluiu um mestrado em engenharia mecânica. No entanto, decidiu fazer uma reconversão profissional, tirando uma certificação em técnico auxiliar de saúde, seguida de uma formação inicial para assistentes pessoais. Aceitou o compromisso de trabalhar connosco em junho de 2020 e, desde então, por semana faz aproximadamente 500 km para abraçar esta profissão que desempenha com tanto profissionalismo, disponibilidade e dedicação. Obrigada Carlos!

Antes de falar de Assistência Pessoal é necessário entender o conceito de Vida Independente. De acordo com a European Network on Independent Living (ENIL): «A Vida Independente é a aplicação no quotidiano de uma política para as pessoas com deficiência baseada nos direitos humanos. A Vida Independente é possível através da combinação de diversos fatores ambientais e individuais que permitem que as pessoas com deficiência passem a ter controlo sobre as suas próprias vidas. Isto inclui a oportunidade de fazer escolhas e tomar decisões sobre onde morar, com quem viver e como viver. Os serviços devem ser acessíveis a todos e, na base da igualdade de oportunidades, permitindo assim às pessoas com deficiência flexibilidade na sua vida diária. A Vida Independente requer que o ambiente construído e os transportes sejam acessíveis, que haja disponibilidade de ajudas técnicas, acesso à assistência pessoal e/ou serviços de base comunitária. É necessário salientar que a Vida Independente é para todas as pessoas com deficiência, independentemente do nível das suas necessidades de apoio.»

Em Portugal, as condições de vida disponíveis para a grande maioria das pessoas com deficiência têm até agora assentado na delegação das responsabilidades nas famílias ou na institucionalização. A filosofia de Vida Independente pauta-se pela inversão desta tendência, por uma mudança de paradigma em que a pessoa com deficiência deve passar de sujeito passivo, de quem cuidam, para uma situação ativa em que possa ter o controlo total da sua própria vida, fazer as suas escolhas e tomar decisões sobre o que é melhor para si. Neste contexto a Assistência Pessoal é apenas um dos garantes de uma Vida Independente.

Um/a Assistente Pessoal é um apoio à Vida Independente da pessoa com deficiência ou incapacidade, através da realização, sob a sua orientação, de atividades em diferentes contextos, que, em razão das limitações decorrentes da interação com as condições do meio, a pessoa não pode realizar por si própria. No entanto, um/a Assistente Pessoal terá de respeitar sempre a autodeterminação da pessoa com diversidade funcional, procurando não extravasar o âmbito das suas tarefas e esforçando-se por nunca se sobrepor às suas próprias escolhas e decisões mesmo quando estas lhe pareçam erradas. Um/a Assistente Pessoal não está lá para tomar as rédeas, para assumir o controlo da vida da pessoa, mas sim para lhe proporcionar melhores condições para que esta o possa fazer. Ser um/a Assistente Pessoal não é dar uma ajuda nem é cuidar do outro, é um trabalho, que suprime necessidades de terceiros e que implica um grande nível de compromisso.”

Carlos Carvalho

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